quinta-feira, 6 de março de 2008

Células-Tronco: Um Ser Humano?


Causa-me um desconforto (pra usar um eufemismo) a postura de uma série de instituições conservadoras (em especial a Igreja Católica, mas não a única) em se posicionar contra a liberação das pesquisas com células-tronco. Quais as razões para tal posicionamento? Eles alegam que a vida humana começa no momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide, que o embrião tem alma, espírito, ou qualquer coisa assim. Balela medieval!
Um amontoado de células não é um ser humano, mas uma pessoa numa cadeira de rodas é, mesmo que as igrejas tenham se esquecido disso. Todas as demais células do corpo são estruturas vivas e nem por isso as pesquisas e exames que as utilizam foram questionadas (ninguém liga para o que vai acontecer com as minhas hemácias após um exame de sangue que visa a minha própria saúde), a única diferença é que as células-tronco poderiam, nas condições corretas, gerar um outro ser humano, mas ainda assim não são um ser humano.
Não me sinto à vontade para definir um ser humano (pelo menos sou sincero), mas um ser humano é dotado, entre outras coisas, de sentimentos e capacidade de raciocínio. Um cão ou um macaco são mais humanos que um embrião humano e nem por isso as pesquisas envolvendo esses seres vivos são proibidas.
Hoje o Brasil possui todas as condições para assumir uma posição de vanguarda nessas pesquisas. Caso isso não ocorra corremos um sério risco de, daqui a 20 anos, termos que importar tecnologias e pagar royalties, para outros países e empresas estrangeiras (não dá pra garantir que isso não vá ocorrer no Brasil, infelizmente), para que um ente querido possa voltar a correr atrás dos seus filhos, enxergar a esposa, ouvir o pai, etc.
As pesquisas com células-tronco não são apenas éticamente corretas, são moralmente aceitáveis e humanamente necessárias.

2 comentários:

e.r.i.k.a disse...

Muito interessante esse seu post. Vou só acrescentar um ponto interessante que li em determinada entrevista do pesquisador da Fiocruz e presidente da Associação Brasileira de Terapia Celular, o imunologista Ricardo Ribeiro dos Santos, que disse: Embriões são apenas um aglomerado de células, a vida não começa na fecundação do óvulo, mas no início dos impulsos nervosos (...). A ciência declara um paciente morto quando cessa sua atividade neuronal, a chamada morte nervosa, e que critério semelhante deveria ser usado para determinar o começo de uma vida"

desculpe o comentário grande, mas achei que valia a pena!
bjss

Cinthia Regina disse...

Meu primeiro comentário... eeee

Então, ouvi uma definição que achei interessante sobre o conceito de vida, logo após a fecundação cria-se o DNA com toda a carga genética de um ser humano, não que eu seja contra as pesquisas, mas é uma definição interessante.
Sou a favor das pesquisas simplesmente pelo fato de que os embriões não serão gerados, ninguém garante o direito a vida deles, portanto, que sirvam de alguma coisa.
Mas uma coisa sempre me faz pensar tbm, essa busca por curas, todos um dia irão morrer, e cadê a seleção natural??? Tudo bem que se fosse por ela eu não teria passado dos três anos, mas é um pensamento recorrente meu, só isso.